Em 01/11/2013 | Categorias: Colunistas, Wanderson da Silva Prada
De
todas as profissões já inventadas, a advocacia criminal talvez seja a
mais incompreendida pelo público em geral. E, por conta disso, é
possível que seja a mais odiada. Qualquer pessoa pode entender
facilmente a contribuição social dada por um médico, um professor, um
ator, um pedreiro ou um lixeiro. Todos eles, cada um a seu modo,
contribuem para uma vida social melhor. Difícil, mesmo, é entender como
alguém pode ganhar a vida “defendendo bandidos”.
O imaginário
popular divide os advogados criminalistas em duas categorias: os
“asquerosos defensores de bandidos” e os “honrados defensores de
inocentes”. Na primeira categoria estaria a grande maioria dos advogados
criminalistas, que teria vendido todos os seus princípios morais por
uns simples “trocados”. Na segunda categoria estaria uma minoria de
advogados honrados que só defendem inocentes e chegam a advogar sem
cobrar honorários. Uma espécie de ONG de uma pessoa só, que paga suas
contas com a gratidão do inocente e a admiração do público em geral.
A vida real,
porém, é bem diversa desta visão romanceada da advocacia criminal. A
ética do advogado criminalista o impede de fazer justamente o que a
maioria das pessoas gostaria que ele fizesse: julgamentos morais dos
seus clientes. Eis aqui o grande equívoco: advogado não julga; quem
julga é o juiz. Advogado defende.
O escritório de
advocacia não é um tribunal prévio que avalia se o cliente merece ser
defendido ou abandonado à sua própria sorte e ao linchamento social.
Quando um médico vai atender um paciente não faz uma triagem prévia para
saber se o cidadão merece ou não ser curado. Professores não fazem
qualquer seleção para saber se os alunos merecem ou não estudar com
eles. Atores, pedreiros e lixeiros também prestam seus serviços sem se
preocuparem se os usuários são ou não merecedores de seu trabalho. O
advogado, porém, no imaginário popular teria um suposto dever ético de
escolher seus clientes aceitando os “bons” e rejeitando os “maus”.
A sociedade não
recrimina o médico que cura o criminoso, o professor que leciona para o
criminoso, o ator que entretém o criminoso, o pedreiro que constrói para
o criminoso e o lixeiro que recolhe o lixo do criminoso. A sociedade
não recrimina sequer o padre que ouve a confissão do criminoso e o
perdoa por seus pecados. Mas o advogado, ao prestar seus serviços de
defesa técnica ao criminoso, passa a ser visto quase como seu cúmplice.
O advogado é o
profissional que existe para lembrar a toda sociedade, durante todo o
processo, que os fins não justificam os meios; que não se pode fazer
justiça passando por cima das leis. E é nesse sentido que a Constituição
da República em seu artigo 133 estabelece que “o advogado é
indispensável à administração da justiça”. Se isso ainda hoje causa
repulsa social, é porque nosso conceito de democracia ainda é frágil
para reconhecer que a lei deva valer para todos, seja ela favorável ou
não às nossas expectativas. (FONTE: revistaforum.com.br).
Verdade é bem isso, eu como filha de advogado sei bem como a sociedade é! Mtas vezes sem noção! rsrs
ResponderExcluirWanderson mesmo sendo filha de advogado nunca tinha pensado sobre isso, talvez por meu pai ser advogado trabalhista, todo mundo sempre vem pedir uma "orientação". Boa postagem.
ResponderExcluirExcelente final de semana para vocês
Tri-bejos Desirée
http://astrigemeasdemanaus.blogspot.com.br/