Cuidados antes, durante e após a gravidez ajudam seu filho a nascer e crescer bem
“Exames de ultra-som na gestação são capazes de detectar cerca de 95% dos problemas e alguns podem ser corrigidos antes do parto”, completa a radiologista Ana Paula Moura. A empresária Elen Grave Missaglia, 35 anos, já fez quatro ultra-sonografias, quase uma por mês de gestação. “Estou terminando o quinto mês. No início da gravidez, fiz uma para ver o tempo de gestação e outra que detecta a síndrome de Down. Na 18ª semana fiz uma que checa a anatomia do bebê e outra de rotina. Está tudo ótimo. Acho essencial que esse acompanhamento pela saúde do meu filho e pela minha tranquilidade”, diz Elen. Pelo mesmo motivo, a professora Patrícia de Mattos Medeiros cumpriu toda a rotina de cuidados médicos na gravidez e agora faz o mesmo com as consultas pediátricas da filha, que tem 7 meses. “Vamos lá todos os meses, desde que a Marina nasceu, mesmo que ela não tenha nada. E se tiver, o problema será resolvido logo.”
Antes de engravidar
Um ultra-som examina o aparelho reprodutor e exames sorológicos pesquisam a imunidade contra doenças como rubéola, toxoplasmose e citomegalovirose. Quando acontecem durante a gestação elas podem infectar o feto causando problemas de visão, retardo mental, defeitos congênitos e até a morte. Se eles dão positivo, ótimo. Significa que você já tem anticorpos contra as doenças. Se derem negativo, há muitos recursos para proteger seu bebê. Para a rubéola, por exemplo, basta tomar a vacina, aguardar um tempo e repetir o exame sorológico para verificar a imunidade. A toxoplasmose é prevenida com medidas simples: evitar o contato com fezes de gato e terra, o consumo de ovos e carnes cruas e lavar as mãos sempre. A citomegalovirose tem manifestações iguais a de qualquer doença viral – febre e dor no corpo e não pode ser prevenida com vacina. No entanto, se o médico sabe que você não teve a doença e os sintomas aparecem na gestação, ele checará o problema e poderá curá-lo, evitando que o bebê se contamine.
Os exames pré-gravidez também acusam se você tem sífilis, hepatite B ou o vírus da Aids, entre outras doenças transmitidas sexualmente. O teste para HIV não é obrigatório, mas os médicos devem oferecê-lo. Sem cuidados as doenças afetam o bebê. A sífilis pode causar abortos tardios. A hepatite B raramente chega ao feto, protegido pela placenta, mas preocupa no parto. “Se a mãe tem hepatite, diminuímos o contato do bebê com o sangue dela na hora do parto e vacinamos o recém-nascido”, diz o obstetra Abner Lobão, da Universidade Federal de São Paulo.
O mesmo ocorre se a gestante é portadora do vírus da Aids. “Mantendo a carga viral dela pequena e tomando cuidados no nascimento, conseguimos diminuir de 15% para 2% o risco de a criança contrair o vírus”, informa a chefe do ambulatório de pré-natal do Hospital das Clínicas, Rosa Maria Ruoco.
No pré-natal
Na primeira consulta o médico deverá repetir os exames pré-concepcionais, investigar com detalhes os antecedentes familiares de doenças e solicitar exames de rotina, como sua tipagem sanguínea. Esse é o um procedimento importante, pois se o fator Rh do seu sangue for negativo e o do seu marido positivo, há a chance de o seu bebê ser positivo e isso pode causar problemas em uma segunda gravidez. Isso porque seu organismo vai desenvolver anticorpos contra o fator Rh positivo. Se o próximo bebê tiver esse mesmo tipo de sangue, ativará os anticorpos, com risco de desenvolver malformações. Para evitar a situação, um exame deve ser feito para detectar a presença de anticorpos. Se ele der negativo, uma vacina impedirá sua produção, prevenindo problemas.
Fora as solicitações de exame quando necessárias, a rotina da consulta é a mesma até o fim da gestação: o médico verifica seu peso e pressão arterial, mede o crescimento da sua barriga e ouve os batimentos cardíacos do bebê. Também faz recomendações para proteger a saúde do feto, como largar o cigarro, não abusar do álcool, não se auto-medicar, evitar exposição aos raios X, controlar alimentação e manter atividades físicas, segundo o ginecologista e obstetra Maurício Abrão, professor da Universidade de São Paulo.
Com o pediatra
No berçário são realizados exames. “Os bebês recebem uma vacina de vitamina K para evitar problemas com a coagulação do sangue e um colírio à base de nitrato de prata para prevenir problemas de visão”, diz o neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana, José Claudionor da Silva Souza. Além disso acompanha-se a icterícia, que é um sinal normal da evolução do metabolismo da criança e está presente na maioria delas. Em geral, começa no segundo dia de vida e após uma semana já desapareceu.
Depois de 48 horas do nascimento do bebê é submetido ao teste do pezinho. Os bebês não devem deixar a maternidade sem fazer o teste. Pagando à parte, pode-se pedir teste ampliado, que diagnostica outras doenças. A maioria das maternidades também faz a avaliação auditiva do recém-nascido.
Após dez dias, o bebê deve visitar o pediatra pela primeira vez. O médico apalpa seus órgãos, verifica peso e altura, mede o perímetro cefálico, testa reflexos que indicam a saúde neurológica da criança e dá orientações sobre a amamentação. Depois dessa avaliação inicial, as visitas são mensais até o bebê completar o primeiro ano. “Vendo a criança uma vez por mês conseguimos acompanhar seu crescimento, controlar seu calendário de vacinações, fazer a prevenção de acidentes domésticos e detectar qualquer problema logo no início”, esclarece Gelsomina Colarusso, pediatra do Hospital e Maternidade São Luiz.
“Converso bastante com a pediatra de minha filha e sigo direitinho todos os conselhos. Parece até um exagero pois Giovana só tem 20 dias”, diz o engenheiros Satoshi Morita. Não é exagero. Cuidar da saúde nunca é demais. Porque problemas de criança que não foram detectados na gravidez e no parto podem aparecer nos primeiros anos de vida, às vezes com manifestações que só o médico é capaz de observar. Há síndromes que causam um atraso tão sutil no desenvolvimento que podem ser confundidas com problemas emocionais.
Pneumonias recorrentes, por exemplo, podem indicar fibrose cística, doença caracterizada por um aumento de secreções no organismo, que afeta principalmente o pulmão. Ela só é detectada no teste do pezinho ampliado, que não é gratuito nas maternidades, dificultando o diagnóstico dos casos. Daí a importância do acompanhamento pediátrico. A identificação precoce de problemas como esse melhora a condição de vida da criança atingida e também alerta os pais para o planejamento de uma nova gravidez.
O calendário dos ultra-sons
O terceiro ultra-som básico, o morfológico deve ser feito por volta da vigésima semana. Ele verifica a anatomia do feto, medindo desde as distâncias entre as pupilas e tamanho dos ossos até a formação dos lábios. O quarto vai acontecer entre a 34ª e 36ª semana, para estimar o peso e a posição do bebê, se a quantidade de líquido amniótico está normal e se o desenvolvimento continua correto. Depois disso é recomendado realizar exames semanais para tentar datar o parto.
Esses exames são importantes porque a medicina fetal pode resolver alguns problemas no bebê antes de ele nascer. Uma compilação no sistema urinário, por exemplo, pode ser resolvida com um cateter na bexiga do feto para mantê-la funcionando. Isso evita o comprometimento dos rins. “Dependendo do caso podemos usar a mesma técnica para curar uma hidrocefalia, realizando uma drenagem cerebral”, diz o obstetra Eduardo Zlotnik, especialista em medicina fetal.
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Fonte: Crescer
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